A Associação Livre – Psicanálise em Londrina foi fundada em 01/12/2012 com o agrupamento de algumas pessoas com o objetivo comum de, a partir das letras de Freud e Lacan, estudar e colaborar para a transmissão da psicanálise.
Trata-se de uma associação, sem fins lucrativos, organizada e sustentada pelo trabalho de seus membros e participantes na direção da produção de um espaço institucional de interlocução e formação permanentes.
Sabemos que além do “autorizar-se de si mesmo” através de sua análise pessoal, um analista se faz num espaço onde possa ir além do próprio saber adquirido, através do convívio com outros analistas, dando provas de seu ser e de seu saber e reinventando-se permanentemente em sua função.
Fica o convite a todos os interessados pela psicanálise para conhecer nosso trabalho e dialogar conosco.
Neste ano de 2024, nosso eixo de trabalho será: “O discurso do psicanalista, hoje”. A noção de discurso para Lacan é uma forma lógica de escrever a relação do sujeito com o outro. Ainda que venha a estabelecer um tipo de laço social entre dois lugares, o do sujeito e do outro, não se produz uma interlocução, nem mesmo a possibilidade de um diálogo entre eles. A noção de discurso não contempla, portanto, qualquer relação intersubjetiva. O discurso é uma estrutura composta por quatro lugares e quatro elementos, que tratam da relação e direção do dizer do sujeito ao outro, considerando o que está sob a barra do recalque, ou seja, o que ocupa o lugar da verdade nos discursos. Trata-se, no discurso, de um agente que se dirige ao outro e ao tocá-lo engendra um efeito de produção.
No discurso do analista, que é nosso eixo de trabalho esse ano na ALPL, Lacan propõe uma particularidade que tem relação com um trabalho de produção de um gozo possível a partir de uma perda, de uma renúncia de uma dimensão de gozo indesejável. Neste discurso, no lugar do agente está o analista. O objeto a, que ocupa o lugar do agente, faz função de causa de desejo, e não de mais de gozar como no discurso do mestre. O sujeito está no lugar do outro que trabalha e produz algo, um saber inconsciente. O trabalho, portanto, fica por conta do sujeito, na produção de um outro estilo de significante mestre.
A lógica discursiva nos orienta enquanto analistas na condução e no manejo da clínica psicanalítica. A análise permite que o sujeito possa se desprender dos significantes do Outro, se responsabilizando por seu sofrimento e modificando seu modo de gozo, criando novas possibilidades de se posicionar em sua economia de gozo.
Será que hoje esses elementos se sustentam em nossa prática? Podemos pensar em uma nova particularidade do discurso do analista frente ao que a clínica nos apresenta na atualidade? Portanto, convidamos a todos que se interessarem, a trabalharem conosco na construção desse percurso que é fundamental para a sustentação de uma prática clínica.
O encerramento desse percurso se dará com a nossa jornada anual de apresentação de trabalhos produzidos pelos membros da ALPL e convidados, que acontecerá em março de 2025. Os trabalhos são frutos desse percurso e do que cada um pôde recolher dessa temática, a partir de um recorte singular e estilo próprio.
É com muita alegria e entusiasmo que deixamos aqui nosso convite! Sejam todos muito bem vindos a trabalharem conosco este ano!
Fabiana F. Y F. Tkotz